quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Sóbria.





Quando ela percebeu que seria inútil não beber ele, era tarde de mais.
Já estava embriagada, anestesiada e completamente fora de si.
Nossa, que teatral né?
Ela sempre foi assim, e isso nunca mudará. Faz truques, aprende a jogar, interpreta o passado e vive o presente na busca pelo futuro prometido.

Começou beijando, e depois gostando e achava até que seria só mais um carinha com quem iria brincar e se divertir.
De repente descobriu que dormir e acordar com ele fazia dos seus dias mais leves.
Das dificuldades mais fáceis, das pessoas menos estranhas, do mundo um lugar bem mais gostoso.

Mas hoje em dia ela não poderia sentir isso! Não poderia ser assim! Tinha que tomar cuidado pra não confundir, não se iludir e para se entregar bem aos pouquinhos, de leve, que é pro tombo não doer muito. Em outras palavras, beber, beber um pouquinho a cada dia, um pouquinho do sentimento que rega a alma, a paz. Mas não, Ela se sente confusa, pensa em evitar, em vomitar.
E de que adianta? È como bálsamo. È como veneno. Entende?

Talvez ela não queira mais beber disso que nem sabe o que se tornou.
Talvez ela esteja exausta desse porre.

Se ainda existe, se pudesse existir, será que pode ser....e tudo não passa de um “se”.

E hoje, ao invés de bêbada, está sóbria, sóbria de amor.
Sóbria de sentimentos indefinidos, e de qualquer atitude.


E nem porisso deixa de brindar.

Um brinde á nós, com uma dose de amnésia, e duas de desapego por favor!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010


Vem cá. Me dá aqui a sua mão. Coloca sobre meu peito. Agora escute. Olha o tumtumtum. Você pode me ouvir? É pra você, seu besta! É por você que meu coração bate! (Ele, que de tanto bater, parou sem querer outro dia). Posso confessar? Jura que vai acreditar em mim? A verdade é que estou de saco cheio de histórias românticas. Meus casos de amor já não têm a menor graça. Será que você me entende? Eu não escrevo porque vivo amores cinematográficos e quero contar pro mundo. Não!! Eu escrevo porque eu sou uma maluca. Minha vida é real demais. Um filme B pra ser mais exata. E eu não acho graça em amores sem final feliz. Por isso, invento. Pro sangue correr pelas veias, pra lágrima cair dos olhos, pra adrenalina sacudir o corpo. Eu invento amores pra ver se eu acredito em mim. (Acredita?). Mas hoje eu estou cansada. Estou cansada de mentiras, de realidade, de telefone mudo e de músicas sem letra.(...)(...)Me deixa ser egoísta. Me deixa fazer você entender que eu gosto de mim e quero ser preservada. Me deixa de fora de suas mentiras e dessa conversa fiada. Eu sou uma espécie quase em extinção: eu acredito nas pessoas. E eu quase acredito em você. Não precisa gostar de mim se não quiser. Mas não me faça acreditar que é amor, caso seja apenas derivado. Não me diga nada. (Ou me diga tudo). Não me olhe assim, você diz tanta coisa com um olhar. E olhar mente, eu sei! E eu sei por que aprendi. Também sei mentir das formas mais perversas e doces possíveis. (Sabia?) Mas meu coração está rouco agora. GRAVE! Você percebe? Escuta só como ele bate. O tumtumtum não é mais o mesmo. Não quero dizer que o tempo passou, que você passou, que a ilusão acabou, apesar de tudo ser um pouco verdade. O problema não é esse. Eu não me contento com pouco. (Não mais). Eu tenho MUITO dentro de mim e não estou a fim de dar sem receber nada em troca. Essa coisa bonita de dar sem receber funciona muito bem em rezas, histórias de santos e demais evoluídos do planeta. Mas eu não moro em igreja, não sou santa, não evoluí até esse ponto e só vou te dar se você me der também."







Texto de : Fernanda Mello.